domingo, 4 de agosto de 2013

Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes


Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno. 1 João 2:14

Quando pensamos na juventude cristã, preocupar-se é inevitável. Drogas, criminalidade, sexo precoce e gravidez indesejável são medos reais de pastores e líderes de jovens. Quando João escreve sua epístola, também está preocupado com a igreja e com o sedutor e crescente gnosticismo que a ameaçava. Mas, ao tratar dos jovens, João demonstra uma surpreendente tranquilidade. Suas palavras poderiam conter alertas e advertências, mas não. Contém elogios e certezas tranquilizadoras. Ele, de fato, acreditava que os jovens cristãos eram espiritualmente fortes, que a palavra do Evangelho permanecia neles (e ele usa um termo e um tempo verbal no grego que dá a idéia de algo que passa a habitar e não mais se ausenta). E por fim, João afirma que os jovens  já haviam “vencido o Maligno”. Ora! Como poderiam “já ter vencido” se ainda eram jovens? Não seria o mérito de vencer o maligno uma exclusividade dos bem mais velhos e vividos?


A juventude é uma fase de pouquíssimas conquistas. Em quase todos aspectos, o jovem encontra-se ainda trilhando o caminho (seja na vida acadêmica ou profissional). Mas, para João (e, obviamente, para Deus que o inspirou), se uma pessoa se converte à Cristo ainda na sua juventude, uma vitória ele já conquistou: sobre o Diabo. Sim, porque é contra a juventude que o Mal concentra seus esforços. As ofertas mais sedutoras e em maior quantidade são feitas nessa fase da vida. Quase tudo o que o Mundo chama de “curtir a vida” acontece nos fins-de-semana. Se um jovem está dentro de um templo, participando de um culto, num fim-de-semana, creia-me: não é por falta de opção. Alguém assim, realmente, já venceu.

Os jovens não são fracos, são vulneráveis. Estão expostos a uma gama de lutas, pulsões, pressões e tentações que uma criança ainda não enfrenta e que um adulto já não enfrenta mais. Converter-se e manter-se fiel nessas circunstâncias é, indubitavelmente, prova de força.

Os jovens são os mais tentados. Para eles, mais do que para outros, o “pecado mora ao lado”. É fácil, barato e farto. E o melhor (ou pior): quase sempre os pais e pastores nem desconfiam.

Os jovens são os que sofrem maior pressão. A autoestima de um jovem depende muito da percepção que ele tem de seu conceito junto aos seus pares, seus iguais. Se ele não “não fuma, não cheira, não bebe e não transa” (e ainda por cima é crente), isso certamente será motivo de discriminação e chacota. “Tá com medo?” talvez seja a pergunta mais comum diante das ofertas negadas nessa fase da vida.

Os jovens são os mais criticados. E essa é mais uma prova de que, como escreveu João, eles são “fortes”. Com ou sem razão os jovens são criticados na igreja, na escola e dentro de casa. Ainda assim são os que menos se importam com as críticas. Dificilmente você encontrará um jovem que tenha deixado de frequentar determinada igreja por causa das críticas, mas encontrará uma enormidade de adultos que parou de ir justamente por isso.

Os jovens são os mais cobrados. Peça a um jovem para completar a frase: “Você tem que...” e ele oferecerá uma dúzia de opções que escuta frequentemente. Ainda assim, eles são também os que têm menos programas da igreja voltados para eles. Há “encontros de casais”, mas eu nunca vi “encontros de solteiros”. Há uma “tia” para tomar conta das crianças durante a quase sempre maçante pregação. Mas para os jovens o que há são “obreiros” para os recolherem da porta da igreja e adjacências. As mensagens não abordam o universo adolescente e as únicas coisas mais agradáveis para o jovem num culto (o louvor e as coreografias) são alvos de críticas constantes.

Com quem você compartilha seus piores pecados? A quem os confessa? Provavelmente a ninguém. O medo da rejeição e do julgamento o silencia. Mas, os jovens são os que menos “escondem” pecados. Jovens são confidentes e dificilmente carregam culpas solitariamente. Ao contrário de nós, adultos. Talvez aí também resida algo de sua “força”.

Preste atenção nos visitantes que estarão em sua igreja neste domingo. A maioria será de jovens. Isso porque jovens são os que mais levam visitantes aos cultos e eventos da igreja apesar de serem os que evangelizam menos. Jovens são gregários e têm alto poder de influência. Levariam mais pessoas ao Evangelho se nós, líderes, lhes oferecêssemos reuniões e atividades mais contextualizadas e dinâmicas.

Com tantas críticas, cobranças, pressões e repressões. Com tantas ofertas fora e tão poucas ofertas dentro, com tudo isso, é mesmo de se surpreender que jovens creiam e continuem crendo. São fortes e, de fato, já venceram o maligno.

Por Alessandro Mendonça

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